21.3.05

Dia 21 de Março - Dia do Teatro Amador

Foi com muita honra que o Varazim Teatro comemorou no passado fim de semana, o Dia do Teatro Amador com a reposição do espectáculo O Rei Imaginário ou a Ausência de Deus.
Desde o início da sua existência que o Varazim tem sempre assinalado este dia, explorando diferentes abordagens do teatro.
Para quem não conheceu ou para quem deseje recordar, estes foram os espectáculos que aconteceram desde 1998.

1998*Manifesto do Teatro Amador +O Faustoso Bebedor de Almas, texto e encenação de Rita Rocha

_Em treze pontos o Varazim Teatro defendia em Manifesto os seus valores e as suas convicções. Reforçando a ideia do Teatro pelo Teatro com Amor.

1999*Vamos para a rua, Teatro na rua" a partir de texto de Jorge de Sena, teatro de rua.
_Os personagens saiem do, ainda em funções, Garrett, cantando e desafiando "Vamos para a rua, Teatro na rua, vamos para a rua representar, não nos obriguem a estar numa sala sem ninguém, nós só queremos é representar para alguém..." O público juntava-se em torno de uma manifestação de boa disposição que procurava centrar no público toda a acção.

2000*As Más, encenação e texto de William Gavião

_ Um náufrago é resgatado numa ilha habitada somente por mulheres, a ilha é governada por uma rainha que é fascinada por Shakespeare... espectáculo muito intenso, de carácter tribal, o público era chamado a sentar-se no palco transformado na praia arenosa onde o náufrago chegava, e onde se subteu ao destino que aquelas mulheres lhe traçaram.

2001*Catástrofe, de Samuel Beckett, encenação de Anabela Garcia

_O universo teatral creado em performance pelos personagens Bucha e Estica, e todo um conjunto de lugares onde se podia experimentar a magia do teatro, uma marioneta para vestir (!) um teatrinho de peixes para assistir, o camarim preparado para o espectáculo Dias Felizes. Seguia-se "Catástrofe" onde os personagens, um actor, um encenador, uma assistente, e um técnico representavam um universo maior que o do teatro e toda a crueldade que pode haver nas relações de poder, de manipulação, de hipocrisia, nas relações humanas.

2002*Poemar - Convívio teatral, textos de autores vários

_ O público é envolvido logo à chegada pelos personagens, e convidado a deslocar-se à procura das cenas, à procura do espectáculo, havendo a possibilidade de errar, pois o espectáculo passava-se "ali ao lado", entre poemas e outras palavras e sons, no hall, nas escadas, sentados ou de pé, tudo e todos se movimentavam, habitando os lugares, num imenso convívio entre público, actores, músicos, luz e espaço.

2003*Se Não Bigo Não Digo, de Patricia Portela

_Fala-se de Umbigos, para falar de Pessoas, fala-se de barrigas, do centro da criação, fala-se Adão que não tem umbigo e tenta comprar um para lhe dar um aspecto mais real, e fala-se de um palhaço que foi projectado por uma colher e de uma árvore que se plantava no deserto. Fala-se de sobrevivência, de cafés e de cerveja. Fala-se de Amor e de dor e de perda e fala-se de vida e de reencontro e de mundo e mundos pequeninos, onde cabem tantos de nós.

2004*A Grande Conferência seguida de A Salvação da Velha Macieira

_Sr. Palhaço e Sr. Clown convocam uma grande conferência para reenvindicar um dia só para o Teatro Amador. Tentando demonstrar que todas as outras comemorações: Dia da Poesia, Dia da Floresta, Dia da Árvore... podem muito bem mudar para outra data. A conferência é interrompida, por uma história que a memória trouxe, De uma velha macieira que existiu naquela praça, há muitos anos atrás. O Público embarca, literalmente, no comboio percorrendo toda a cidade num animado cortejo até ao Jardim das Árvores Felizes, onde se salva uma árvore de morrer. Com alegria se conclui que há espaço para todas as comemorações e que o Dia do Teatro Amador pode dar mais árvores aos jardins e às florestas, com Poesia e com Amor!

2005*O Rei Imaginário ou a Ausência de Deus, encenação e interpretação de Eduardo Faria

_O Rei Imaginário ou a ausência de Deus é um espectáculo sem pretensões mas carregado de intenções, onde a personagem Teles, um juiz que acaba em ladrão escorraçado pela sociedade, é a imagem degradada do homem que outrora foi, reconhecido e admirado, e que se refugia no sonho, esse “régio dom que a natureza, Deus ou o Diabo, repartem pelos desgraçados para os sustentar na vida”. Este indivíduo, igual a qualquer outro indivíduo, não passa de um objecto manipulado e que só se liberta do manipulador pelo sonho.